Revoada de ideias
A morte da Terra

Escrito por J. H. Rosny Aîné
Ilustrado por Rodrigo Rosa
Traduzido por Julia da Rosa Simões
Prefácio por Mia Couto
Posfácio por Eduardo Bueno
A Morte da Terra é uma obra de ficção científica, publicada pela primeira vez em 1910. Hoje, a releitura do livro nos leva a reflexões bastante atuais. O tempo da narrativa é um futuro onde os poucos recursos naturais que ainda existem estão na iminência de acabar. A água é cada vez mais escassa e o seu fim é uma das grandes preocupações dos últimos representantes da humanidade.
Essas pessoas vivem divididas nos últimos oásis verdes que restam. Além da escassez a que estão submetidas, sentem-se ameaçadas pelos frequentes tremores de terra que ocorrem. Também são acuados por uma nova forma de vida mineral, que é produto da condição hostil da terra: os ferromagnetos. Por conta de tanta adversidade, os últimos habitantes humanos da terra “tinham uma sensibilidade limitada e nenhuma imaginação”.
Targ, o protagonista da obra, destoa do pessimismo e da apatia predominantes. Ele e sua irmã Ava seguem lutando pelas possibilidades de futuro, motivados pelo amor. Targ empreende jornadas em busca de água e está sempre à procura de sinais que reforcem sua esperança.
O final da obra é impactante e deixa espaço para que os leitores reelaborem o sentido da história, a partir do entendimento que tiveram da sua última frase. Aliás, permanecer em dúvida a respeito de seu significado também é uma conclusão possível. Tem livros que que nunca terminam de nos dizer tudo o que tem para nos dizer.

Durante a leitura
Você pode ler a obra integralmente – e por capítulos – com o adolescente ou com turma, explorando ao longo da leitura tanto a interpretação dos fatos que estão representados na narrativa, como também ir abrindo portas de diálogo que levem o jovem ou o grupo de jovens a refletir sobre a relação da obra com a atualidade.
O livro imagina um futuro distante. Pergunte o que o leitor ou o grupo de leitores sente quando ouve a palavra futuro. Converse sobre como imaginam seu futuro daqui a dez anos e sobre como imaginam o futuro da Terra daqui a duzentos anos.
Converse sobre o motivo dos últimos humanos terem se tornado seres insensíveis e pouco criativos. Pergunte quais personagens da obra não se encaixam nessa descrição. Estimule que falem sobre o que manteve viva a esperança dessas personagens.
Vá trazendo frases da obra para o debate. Você pode pedir que comentem a frase: Enquanto os homens ainda tiverem forças para se preocupar, seus dias ainda terão alguma doçura.
Peça que comentem a frase que Targ diz para se encorajar, enquanto desce até as profundezas da terra: “Minha loucura vale muito mais do que a abominável sabedoria dos meus semelhantes. Em frente! “
Estimule que realizem a leitura das ilustrações da obra. Como cada uma se relaciona so texto? Diante da ilustração da página 93, cujo detalhe está na capa da obra, você pode perguntar: que lugar está retratado na imagem? O que a pessoa no topo da imagem está fazendo ali? Qual sentimento essa imagem desperta? Que título essa imagem poderia ter?
Converse sobre a frase final do livro: qual sua interpretação ou suas interpretações possíveis?
Depois da leitura
A partir da frase final do livro: “então, humildemente, algo da última vida humana entrou na vida nova” peça que o adolescente - ou a turma de adolescentes - crie uma HQ ou improvise outra forma de narrativa ilustrada, que comece por essa frase. Estimule a criatividade dessa produção. Quem não tiver facilidade com desenhos, pode representar personagens e situações com auxílio de colagens.
Coloque a música "Planeta água", de Guilherme Arantes, para o adolescente –ou o grupo de adolescentes – escutar. Peça que prestem atenção na letra. Conversem sobre o sentido da música e de que forma esse sentido se relaciona com a leitura realizada. Depois, peça que criem um poema ou mesmo uma letra de música que tematize a água (pode ser uma declaração de amor, pode ser uma letra sobre sua importância para nossa vida e para o nosso futuro). No caso da atividade ser feita com uma turma, promova um sarau em que todos possam ler ou cantar suas criações.
A Morte da Terra é uma ficção, mas tem grande relação com as preocupações ambientais e climáticas atuais. Se fosse possível fazer uma campanha de comunicação alertando os habitantes da Terra do futuro antes das catástrofes descritas no livro, o que poderia ser dito para evitar o trágico dos Últimos Humanos?
Proponha uma pesquisa sobre fanzines – publicações independentes e alternativas, feitas de forma caseira e distribuição informal. Estimule que criem um fanzine em que as ideias debatidas sobre o futuro ao longo da leitura sejam reelaboradas. Peça que a publicação contenha páginas que apontem caminhos de reconstrução danossa relação com a natureza.
"Contra as ameaças de um fim do mundo, contra as forças que são sempre maiores que o entendimento, contra tudo isso só o amor, a verdade e a solidariedade podem salvar este planeta. Esse planeta que não é apenas a nossa casa. Mas que somos nós mesmos."
Mia Couto – prefácio da obra
Para complementar
Para complementar as conversas sobre as temáticas que atravessam a obra:
Indique o artigo "Desastres em cascata", do jornalista e editor norte-americano David Wallace-Wells, que escreve com frequência sobre os piores cenários do clima. No artigo indicado, o autor discorre sobre a passividade e responsabilidade dos humanos em relação ao aquecimento global - http://bit.ly/3qwQvcu.
Indique o podcast "A TERRA É REDONDA – Pintou um climão", da Revista Piauí. Esse instigante podcast apresenta, entre outros, o livro A Terra inabitável, de David Wallace-Wells, mesmo autor do artigo "Desastres em cascata". Link para esse podcast: http://bit.ly/3sCmqtB
Indique a entrevista de Paloma Costa, ativista ambiental brasileira que fala da importância do engajamento dos jovens nas causas ambientais – https://bit.ly/3nOZlAh.
Indique o discurso da ativista Greta Thunberg na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas realizada em 2019 – https://bit.ly/2XMnP2N
Ensino médio, Ensino Fundamental - anos finais, Ficção científica, Meio ambiente, leitor fluente



