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Revoada de ideias

Tem festa na floresta

Escrito por Paula Taitelbaum

Ilustrado por Xadalu Tupã Jekupé

Tem festa na floresta é uma edição bilíngue

A primeira página da obra traz uma afirmação: “tem festa na floresta”, seguida da pergunta: “quem vai”?

A partir desse questionamento: texto e imagem se unem para apresentar os participantes da festa, ressaltando o modo que cada um deles vai até o evento: correndo, nadando, pulando de galho em galho, rastejando, etc.  Só que tem um detalhe – que não é só um detalhe – porque é onde mora o grande encanto do texto - o nome dos animais está escrito em guarani. Nesse sentido, a ilustração tem um papel muito importante: ela funciona como um glossário, traduzindo para o leitor quem é cada convidado que vai na festa. Além de serem importantes porque delas depende parte do sentido da obra para quem não domina o idioma guarani, as ilustrações de Xadalu são obras de arte que representam bichos da nossa fauna, em traços que remetem às esculturas de animais feitas em madeira, uma das formas de expressão da arte guarani.  As cores dos desenhos são vivas e vibrantes e tornam o livro muito atrativo.

Ao celebrar a cultura indígena com alegria e leveza, o texto também explora as diferenças entre cada animal – em seu modo de se locomover; rápido ou devagar, voando ou rastejando, pulando ou nadando. Qualquer um desses modos de andar e qualquer uma das velocidades os levará até a festa. Não existe uma forma melhor do que a outra de ir. A única coisa correta a fazer é respeitar sua natureza – inclusive se isso resultar na decisão de não ir na festa.

O último animal apresentado não vai ao evento – e tem um ótimo motivo para isso. Um motivo que revela o quão lúdica é a obra- além de inclusiva, diversa, educativa, artística. No final da obra, temos todo texto do livro traduzido para o guarani - para quem quiser aprender outras palavras ou até se aventurar na leitura. No seu passo. No seu ritmo. Essa é a festa.

Durante a leitura

  • Se deixe levar pelo ritmo do texto. Explore a sonoridade das palavras em guarani.

  • Mostre as páginas com calma para que a criança relacione as ilustrações com o que foi lido – descobrindo qual é cada animal mencionado na história.

  • Deixe que o leitor brinque com a pronuncia ou a tentativa de pronuncia das palavras em guarani.

  • Explore os diferentes ritmos e passos de cada animal durante a leitura. Converse sobre cada animal ter sua forma e sua velocidade. Sobre respeitar as diferenças e a natureza de cada um.

  • Leia e releia a obra tantas vezes quanto a criança quiser. Crianças pequenas gostam de ouvir várias vezes a mesma história. A cada leitura, vão prestando atenção a novos detalhes e vão se apropriando das frases da obra – o que possibilita que brinquem de ler o livro sozinhas. Uma brincadeira das mais lindas e significativas no processo de formação de um leitor/leitora.

Depois da leitura

  • Você conhece a brincadeira "mamãe posso ir"? Posicione a criança ou as crianças a certa distância de você. De lá, ela/ ou cada uma delas – vai perguntar se pode ir e quantos passos deve dar. Utilize os animais do livro e suas formas de andar ao longo da brincadeira. Por exemplo – responda: pode vir. Dê três passos de kururu. Utilize o nome guarani dos animais para aumentar o desafio e a diversão.

  • Para que as crianças se familiarizem com a sonoridade das palavras guarani e conheçam outras produções culturais indígenas – como, por exemplo, o Coral Arai Ovy, composto por crianças, jovens e adultos da Tekoa Ka’ Aguy Porã, primeira retomada Mbya Guarani no Rio Grande do Sul, localizada em Maquiné, RS. As músicas são lindas e as crianças vão se identificar ao ouvir a voz de outras crianças. Ouça aqui.

  • Pergunte se as crianças conhecem a história do folclore brasileiro chamada Festa no céu. Se já conhecem, deixe que contem oralmente a história – vá fazendo as intervenções necessárias aprimorar a narrativa. Se não conhecem, você pode contar a elas a história.  Depois, conversem sobre as semelhanças e diferenças entre a festa no céu e a festa na floresta.

  • Explore com a criança/ as crianças outras obras de Xadalu – para que reconheçam os traços e a temática indígena presente nas ilustrações de Festa na Floresta em outras produções do artista.

  • Para crianças que já tenham idade de manusear massinhas de modelar, peça que recriem animais do livro com as massinhas. Para inspirar as produções, você pode mostrar os animais esculpidos em madeira que fazem parte do artesanato guarani.

Para complementar

xadalu, bilingue, indígena, massinha de modelar, música, leitura compartilhada, pré-leitor, Leitor iniciante, primeira infância

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