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  • Editora Piu

Alexandre Dumas e Jules Verne mudaram o mundo

Em sua coluna de 1 de outubro, publicada no Jornal Zero Hora, o escritor Eduardo Bueno escreve sobre Alexandre Dumas, Jules Verne e os lançamentos da Editora Piu. Leia a crônica na íntegra:


O momento em que Jules Verne encontrou-se com Alexandre Dumas, no castelo de Monte Cristo, em Saint Germain-en-Laye, nos arredores de Paris, em julho de 1847, é um dos mais marcantes da história da literatura. Não da dita “alta literatura”, poderiam obstar os pernósticos. Bem, mas se levarmos em conta que tanto os livros de Dumas quanto os de Verne foram (são?) a porta de entrada para milhões de jovens leitores, e que muitos deles se não viraram escritores ao menos tornaram-se velhos e bons leitores, então se pode carimbar essa afirmação: sim, aquele foi um encontro decisivo.
Dumas já era um gigante das letras – e o extravagante castelo que mandara construir em meio a um bosque e que havia inaugurado com uma festa para 1,6 mil pessoas era prova literalmente concreta disso. Acumulando um sucesso atrás do outro – Os Três Mosqueteiros (1844), O Conde de Monte Cristo (1844-6), Rainha Margot (1846) –, Dumas reinava soberano no mundo literário. Já Jules Verne era, aos 20 anos, um frustrado corretor da Bolsa de Valores, que havia fugido de casa aos 11 e se fizera ao mar – mas o pai, famoso advogado, o deteve na primeira escala, e o mandou para o internato em Paris.
De pele negra e olhos azuis, neto de um marquês e de uma ex-escrava, Dumas, belo e vaidoso, vestia-se com pompa e furor. Verne deixa-se então encantar pelo mestre e decide, ali mesmo, seguir carreira literária. O pai corta-lhe a mesada e Dumas pensa em ajudar o jovem talento, mas eclode a revolução de 1848 e ele é forçado a vender tudo, até o amado castelo. Endividado, refugia-se na Rússia. Volta para a Europa só em 1861, para lutar pela unificação da Itália. Conhece Garibaldi e Anita e lhes traça a biografia.
Verne tem que esperar até o ano seguinte, 1862, quando, aos 34 anos, lança o primeiro de sua lista de estrondosos sucessos, Cinco Semanas em um Balão, escrito sob inspiração do amigo, o fotógrafo e balonista Felix Nadar. Ao fazer com a geografia o que Dumas fizera com a história, Jules Verne, como seu padrinho, escancarou as portas da imaginação e, ao conduzir do centro da Terra ao fundo dos mares, dos polos ao Amazonas, milhões de jovens leitores – entre eles, este que vos escreve –, leva-nos da Terra à Lua, ida e volta.
Mas Dumas e Verne também escreveram livros infantis e coberto de orgulho anuncio que a editora Piu, fundada por minha consorte, acaba de lançar Pedro e a Gansa Mágica, de Alexandre Dumas, e As Aventuras da Família Raton, de Jules Verne, até então inéditos em português. E sabe o que é mais incrível? Além de deliciosos, ambos os livros têm ecos autobiográficos e quem os lê bem pode imaginar Pedro e o senhor Raton a trocarem confidências no castelo de Conde de Monte Cristo, enquanto planejam mudar o mundo com o poder da pena.
Ouso afirmar que eles conseguiram.




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